
Hoje são vinte e um de dezembro de dois mil e dezoito e o mundo não acabou. No meu país, vídeos mostram Suplicy resgatando uma mulher da polícia e o tal Fernando Holiday tumultuando discurso da combativa deputada psolista Sâmia Bonfim, a polícia contendo não a ele, mas ao Vespoli que reagiu. Agora as forças da lei não têm constrangimento de ter lado e isso ainda piora antes de melhorar. O tal Queiroz, laranja dos bozonazis está se evadindo do depoimento, meteu atestado. O pior é que ele arruína a piada que faziam em Brasília: Queiroz, aquele que vai pôr um pa nóis. Só de falar dá fissura, ainda bem que amanhã rima com Amsterdã. O Osmar Trevas acha pouco perseguir maconheiro, e quer perseguir a birita. É claro que qualquer medida restritiva vai servir para ir além do controle de costumes e intensificar a perseguição aos suspeitos de sempre por qualquer motivo, ou sem motivo. Nem gosto de ver notícias da terrinha, pois depois de superar o desespero e tapar o nariz para fazer meu doutorado numa prestigiosa universidade, às vezes me questiono se o melhor não é escapar desse pandemônio mesmo. Enfim. Hoje vi Richard II no Almeida Theatre, uma experiência bem diferente das peças no Sam Wanamaker. O palco era um cubo fechado, exceto pela “quarta parede”, e todos os sete atores, com figurino contemporâneo informal, estavam todo o tempo em cena, recolhendo-se quando não tinham falas. Um conjunto de baldes lançava água, terra ou sangue quando apropriado, alusão provável à imagem mestra da peça, dos dois baldes subindo e descendo para representar o rei deposto e o usurpador. Claro que nenhum rei é de fato legítimo, mas a questão da legitimidade é central (e a deposição representada vai redundar na guerra das rosas adiante). As implicações políticas atuais são exploradas no programa e pela crítica, e olha que não passaram por nenhum golpeachment. Foi mais difícil entender as falas, e uma atriz em específico era impossível; o quanto sou eu, o espaço ou os sotaques dos atores é difícil dizer (os negros articulavam mais claramente). A peça foi bem abreviada e apresentada em duas horas sem intervalo. Ontem eu vi uma foto do lixo no topo do Everest e espero que o ser humano suma. Que sejamos fósseis como os que vi no museu de história natural hoje. Acaba nóis.
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