
Hoje são cinco de dezembro de dois mil e dezoito e o mundo não acabou. Fui ao Louvre, mas refuguei. Estava cansado, mesmo dormindo até o corpo resolver acordar todos esses dias, e sabia que aquilo demandaria uma energia imensa. Também tinha parado pra almoçar e fui muito mal servido, o que estragou meu humor. Besteira, hoje tive a notícia de que fui aprovado na seleção do doutorado tanto na Unesp quanto na Unicamp. Viva! Etapa cumprida. Estou viajando após todo o trampo de traduzir meu poema (já é meu, roubei do Shakespeare) e passar por toda a parte chata necessária para voltar à Cadimia e ter uma chance de levarem meu trabalho a sério. Só que agora minha cabeça já quer partir para outra tradução, de Bartholomew Fair, fantástica peça de Ben Jonson que não tem texto em português, e seria meu projeto se eu me resolvesse a cruzar mesmo o Atlântico. Passar mais quatro anos debruçado sobre Lucrécia eu temo mesmo que possa ser uma tortura. Pode soar a arrogância, mas eu não quero comentar minhas traduções, quero fazê-las, e se alguém quiser tomar um café ou chope debatendo esta ou aquela escolha (sempre que paguem), eu teria prazer em contar tudo. Mas é assim que funciona a grande máquina de linguiça acadêmica, onde é preciso explicar a piada. Bem, agora é tomar um vinho para celebrar. Mesmo que eu faça isso todas as noites, esse vai ser especial. Estou preocupado porque preciso acordar cedo e pegar o ônibus até Limoges, onde encontrarei meu amigo de internet Manu, que costuma ler a Leosfera mais do que qualquer amigo “real”, e joga xadrez feito um feladaputa. O efeito dessa ansiedade geralmente é dormir mal. Acho que nada de monta tem ocorrido na política tupiniquim, e na verdade já estou gostando mais do Acaba Mundo como um relato de viagem do que como registro dos tempos insanos.
Deixe um comentário