Hoje são dez de setembro de dois mil e dezoito e o mundo não acabou. Após um policial intimidar candidata do Psol, negra, na barca do Rio, a guarda municipal de Curitiba atira com munição de borracha em candidato do PT, negro, e o leva preso. Serão Talíria e Renato vítimas do “guarda da esquina”, sobre o qual advertiu Pedro Aleixo ao romper com o regime quando do AI-5? Ou haverá uma instrução disseminada entre as forças policiais de intimidar a esquerda sempre que possível, de mãos dadas com o tradicional racismo das corporações? Na mesma Curitiba, durante o glorioso desfile de sete de setembro, uma dirigente do acampamento foi presa por gritar Lula Livre. E eu fico encafifado como eu falo quase sozinho quando digo que já é uma ditadura. Se os generais PODEM falar o que falam sem repreensão, com a complacência e mesmo o entusiasmo dos meios de comunicação e seu jornalismo abjeto, sem contar todas as anormalidades institucionais que já se tornaram corriqueiras e não cabe enumerá-las, já estamos sim em plena ditadura, embora a conformação seja diferente do tradicional mando direto militar (já temos claramente uma tutela) e não se conheçam ainda casos de desaparecimento ou tortura políticos (afinal, de sessenta e quatro a sessenta e oito já era ditadura). Não vou pedir pro mundo acabar, porque ele parece que já se decidiu nesse caminho.
Deixe um comentário