Hoje são treze de agosto de dois mil e dezoito e o mundo não acabou. Num episódio anterior, comentei sobre as aeronaves estadunidenses pousando em Manaus. A nota, espartana, vinha de um veículo local, e não foi tratada pela mídia tradicional, o que pode significar tanto que era falsa e eu caí como todo internauta de gatilho fácil no mouse quanto que a informação é tão verídica que os veículos lacaios do consórcio golpista não poderiam mesmo noticiar. O que faz pensar sobre a divisão de responsabilidades pelo ambiente de pós-verdade, geralmente atribuído a grupelhos de internet, sejam sinceros ou de aluguel. Seja o que for, eis que agora aporta em solo brasuca o chefe militar dos godemes, James “Mad Dog” Mattis, para fiscalizar a entrega de um país por breves anos soberano, dono de suas escolhas, goste-se delas ou não, de volta à subserviência abjeta aos donos do continente. Pois é justamente por estar definhando em termos de superpotência global – recado do general: afastem-se da China! – que os EUA precisam apertar o torniquete na América Latina, nós sendo obviamente o cliente mais importante no bloco. Se a visita aponta uma ação contra a Venezuela, o tempo vai dizer. Nem atentado por controle remoto tem funcionado, então por que não pôr tropas no chão? Ocorre que esse chão é a Amazônia (e um enorme maciço cristalino), o que por si só já afasta em grande medida essa possibilidade. A menos que a missão seja mais de prospecção do terreno, de reconhecimento dos potenciais geológico e genético. De qualquer forma, mesmo que os piores medos não se concretizem, não há motivo para crer que boa coisa se avizinha, sabendo que vivemos uma plena ditadura – muito pouco acusada com todas as letras – e que os ianques querem deixar clara a tutela. Faz pensar se tem sentido debater eleição. Mas até aí, qual é a alternativa? Luta armada? Cada um leva o laptop pra praça pra enfrentar a polícia? Pelo verbo é difícil, providenciaram que o ruído fale mais alto, e mesmo muita gente que acusa o golpe, talvez mais preocupados com um partido do que com o país, não sai daí, do nível do ruído, da gincana macabra. E mesmo que alguém se faça ouvir, quem quer escutar? Podia acabar tudo de uma vez.
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