Hoje são vinte de julho de dois mil e dezoito e o mundo não acabou. Hoje eu me sinto ridículo após o texto de ontem. Tanto por pontificar quanto por percorrer as ruas e ver tanta gente enfrentando a barra da crise na pele, enquanto eu encho a boca bem alimentada para falar sobre normalidade democrática. É claro que uma preocupação não elimina a outra, que se trata de uma falácia, mas sei lá. Com ou sem culpa, fica aquela sensação de que se forma a tempestade perfeita, local e globalmente, e naturalmente quando ela cair vamos olhar para trás e sentir falta daqueles tempos relativamente normais. Hoje no Brasil você pode descobrir que a CNI não tem medo de Bolsonaro (soa familiar?), que uma professora defensora do direito ao aborto seguro precisa fugir de perseguições, e ainda que o tal centrão (que inclui a antiga Arena, nada menos) fechou com Alckmin fazendo Ciro abanar o rabinho pro Lula, e depois de considerar sua prisão absolutamente normal já diz que “não haverá paz” enquanto ela durar. Vamos ver no que dá isso. Alckmin não decola, a elite já aporta em Bolsonaro, mas ele não consegue vencer um segundo turno contra um alfinete. Se um indicado por Lula vencer, é mais um golpe em cima. Pouco motivo para otimismo e para crença na resolução razoável e institucional da meleca toda. Mas nem é meu intento fazer desta plataforma uma cantilena a mais sobre política, preciso diversificar o conteúdo. Vou fazer uma resenha de alguma coisa. Se o mundo não acabar.
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